Por Ana Carolina Carvalho
Foi em um campo inusitado, nos longes de São Paulo, a depender de onde você mora, na capital que não para de crescer. Foi em campo sem traves, num lugar onde termina a vida. Termina? E começa o quê?
Sem traves ou travas. Terreno que habita imaginações e desejos: vontades de outros mundos, medos, saudades, flores, pedras. Livros.
Foi em um campo inusitado, nos longes de São Paulo, a depender de onde você mora, na capital que não para de crescer. Foi em campo sem traves, num lugar onde termina a vida. Termina? E começa o quê?
Sem traves ou travas. Terreno que habita imaginações e desejos: vontades de outros mundos, medos, saudades, flores, pedras. Livros.
Livros?
Uma biblioteca num espaço improvável, organizada por educadores e por jovens prováveis leitores. Idade em que se começa a vida. Começa? Despedida da infância e entrada na adolescência, tempo em que muitos, mesmo aqueles que forjaram relação próxima com a leitura, podem afastar-se dela. A vida chama, exige, impõe outros ritmos, começa a cobrar do jovem o pé no futuro. Bem quando a leitura poderia vir com seus acenos generosos, abrindo clareiras e possibilidades, ajudando jovens a inaugurar caminhos.
Ao menos ali, houve acenos, leituras, caminhos.
A Biblioteca Comunitária Caminhos da Leitura (BCCL) funcionou por anos em um cemitério em Parelheiros, extremo sul de São Paulo, e a partir dessa experiência, a educadora Bel Santos Mayer investigou as relações entre ler e viajar, e como uma biblioteca-casa pode inspirar movimentos: de idas - dos jovens leitores, turistas para o mundo, mostrando caminhos e vitórias possíveis, viajando por diferentes mundos – pelo planeta e para dentro de si e de outros.
E de vindas - dos turistas interessados naquela experiência bem-sucedida, que iam conhecer aquele extremo, distante 50 km do centro da cidade, levando seus olhares e materialidades, ideias, imagens e imaginários, contribuindo com o crescer e o florescer da biblioteca e de seus leitores, e saindo alimentados pelo que se descortinava naquele inusitado lugar de livros, leituras, sonhos.
Balé de passes bonitos e um gol de placa. Verdadeiro gol de placa.
Recebi agora e já comecei a ler. Indico para todos aqueles que querem jogar do lado da esperança.
Bel Santos Mayer