“A Solisluna é a mais autêntica expressão desse veio de criatividade baiana no segmento editorial”
Batemos um papo breve com um dos nossos grandes parceiros, o jornalista, professor e escritor Gustavo Falcón. Natural de Salvador, Falcón é doutor em História, e professor do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Dirigiu várias publicações culturais, entre elas, a Revista da Bahia e a revista Afro-Ásia, do Centro de Estudos Afro-Orientais da UFBA.
Por Nilma Gonçalves
Quando e como começou sua relação com a Solisluna?
GF: Posso dizer que vi a Solisluna nascer. Acompanhei seus primeiros passos e nunca estive longe do seu crescimento. Como amigo, parceiro, colaborador, autor, editor e, principalmente, como um entusiasta admirador.
A seu ver, qual a importância da Solisluna para o mercado editorial (não apenas baiano, mas brasileiro)?
GF: A Bahia tem, entre outras características, a de ser uma terra onde a experiência, o contato racial aconteceu de forma profunda, daí resultando uma cultura extremamente original. Ao lado disso, como em todas as outras realidades, tem um povo muito criativo, capaz de trabalhar com muito zelo essa rica matéria-prima. Vejo a Solisluna como parte integrante dessas manifestações culturais da Bahia, terra capaz de gerar coisas surpreendentes na vida cultural do país, como o Cinema Novo e a Tropicália, e onde todos os anos se inventa algo novo nas artes e na cultura, na música, na dança e mesmo na literatura recente. Minha opinião é a de que a Solisluna é a mais autêntica expressão desse veio de criatividade baiana no segmento editorial. Vê-se, portanto, como levo a sério esta minha admiração.
O senhor é autor do livro Coronéis do Cacau e co-autor dos livros, Imagens da Diáspora, com a artista visual Goya Lopes, e Bahia de Todos os Cantos, com o escritor Antonio Risério, ambos publicados pela Solisluna. Pode falar um pouco sobre eles?
GF: Como autor do catálogo da Solisluna, sinto-me honrado. Tenho publicado um ensaio sociológico pioneiro sobre a saga do cacau e duas parcerias com gente de peso, como Goya Lopes e Antônio Risério. Considero ambos, entre os melhores do Brasil nas suas áreas de atuação. Como colaborador, fiz com a editora vários livros institucionais, entre os quais destaco Três Décadas que Mudaram a Bahia (2003) e Uma Luz na Noite do Brasil (2000). Muito recentemente, nossa parceria gerou dois belos livros sobre as devoções marianas no Recôncavo. Nesses trinta anos de estrada fizemos muito coisa juntos e como gostaria que tivesse sido mais!
Quais os próximos projetos literários?
GF: No momento, temos dois projetos engatilhados: a publicação de uma retrospectiva bibliográfica sobre o latifúndio da Casa da Torre e um livro sobre as restantes devoções católicas do Recôncavo, onde considero existir o primeiro e mais expressivo santuário mariano do Brasil, cujas tradições, festejos e fervor popular encontram-se firmemente preservados.
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